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Rio Paraíba terá expedição da foz à nascente por sua recuperação

Projeto inicia nesta segunda-feira (07/03) com passeio de barco e evento em Atafona, no Norte Fluminense

O rio Paraíba do Sul, um dos principais mananciais da região sudeste, será o cenário de uma expedição que percorrerá os seus 1.137 km da foz no Oceano Atlântico, em Atafona (São João da Barra), no Norte Fluminense, até a nascente no município de Areias, no Nordeste Paulista.

A “Expedição Nascentes do Paraíba será aberta na próxima segunda-feira (07), no Cais do Imperador em SJB, e seguirá até o mês de setembro como uma série de atividades, que incluem navegação em alguns trechos e eventos nas regiões cortadas pelo rio e seus afluentes nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

A expedição, segundo os organizadores, é uma parceria dos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs) com o Movimento Nascentes do Paraíba e visa a conscientização da necessidade do enfrentamento da crise hídrica através da recuperação e preservação das nascentes, áreas de recarga e cabeceiras, priorizando exemplarmente a cabeceira e a nascente do rio Paraíba do Sul.

De acordo com o diretor do Comitê do Baixo Paraíba do Sul, João Siqueira, integrante também do Ceivap, foram convidados representantes de outros Comitês, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ) e das prefeituras da região.

Quem também estará presente é o professor Lazáro Tadeu Ferreira da Silva, coordenador do Movimento Nascentes do Paraíba, que dá vida, há 25 anos, ao Zé do Paraíba, personagem que luta pela preservação do rio. Ele é um típico caipira que, com humor, leva lições sobre o meio ambiente e resgate da cultura dos municípios cortados pelo Paraíba, atuando principalmente com palestras para crianças e adolescentes em escolas.

“Em nosso primeiro dia (07/03) de atividades, nos dirigiremos em um grupo de 40 pessoas, às 9h, de Campos ao município de São João da Barra (RJ), de onde sairemos em um passeio de barco pela foz do Rio Paraíba do Sul, com as presenças das prefeitas de São João da Barra e de São Francisco”, informou, ressaltando que haverá ainda participação do Zé do Paraíba e um almoço em um restaurante à beira do rio.

Já o segundo dia de programação (08/03) será na sede do Comitê, que fica na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). “Teremos apresentações do CBH Compé (MG), do Projeto Piabanha e dos responsáveis pela Sala de Monitoramento do Comitê, além da fala do personagem Zé do Paraíba”, destacou João Siqueira.

foto: Paulo Sérgio Pinheiro
Problemas no Paraíba destacados no Rota Verde
O Rota Verde já mostrou inúmeras vezes aqui em artigos escritos pelo ambientalista e historiador Arthur Soffiati o quanto o Rio Paraíba do Sul vem sofrendo com os danos ambientais, que refletem principalmente na foz, local de onde partirá a expedição.

Seja em tempo de estiagem ou de cheias, como aconteceu recentemente, os reflexos na região conhecida como Baixo Paraíba sofrem impactos diretamente. Atafona é o maior retrato disso com a erosão costeira que já destruiu milhares de casas. Fenômeno que para especialistas está atrelado aos danos sofridos pelo Paraíba, potencializados por interferência humana.

“O nível do mar está se elevando pelo aquecimento global, que dilata a água e derrete geleiras. O rio perde força por conta de desmatamentos, erosão, assoreamento, barragens e, sobretudo, pela transposição de 2/3 de sua vazão para o rio Guandu”, destacou Soffiati, em sua coluna no Rota Verde.

A expectativa é que a Expedição possa aprofundar discussões e trazer alternativas aos problemas enfrentados na foz.

foto: Paulo Sérgio Pinheiro
Leonardo Berenger
Documentário será gravado durante o trajeto

A expedição está dividida em três etapas, segundo os organizadores. Todas elas serão gravadas, inclusive com entrevistas, que vão compor um documentário.

“Será um documentário para que as pessoas conheçam mais a Bacia do rio Paraíba do Sul. Um dos principais objetivos da Expedição 2022 é universalizar os conhecimentos e elencar problemas sobre a região do Alto ao Baixo Paraíba do Sul”, destacou João Siqueira.

De acordo com a programação divulgada até o momento, a primeira etapa da expedição consiste na realização de diálogos com os Comitês das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul.

A programação segue no dia 10 deste mês com os Comitê Piabanha, Rio Dois Rios e Preto Paraibuna; dias 15 e 16 com o Médio Paraíba do Sul; dia 17 com o Comitê Guandu; dia 18 com o Ceivap; e dias 22 e 23 com o Comitê do Paraíba do Sul.

Já a segunda etapa está prevista para acontecer entre os meses de abril e junho. Nesta fase os diálogos acontecerão com os municípios da Bacia Hidrográfica do rio Paraitinga e Paraibuna, em São Paulo. O Paraíba do Sul é formado pela confluência destes dois rios.
Entre os temas a serem discutidos estão: Produção de Água pró Segurança Hídrica e Desenvolvimento Sustentável; Organização da “Rota Turística Caminho das Águas Nascentes do Paraíba”; Educação Ambiental e Recursos Hídricos; e Turismo Pedagógico Ambiental e Rural.

A terceira e última etapa deverá ser realizada em setembro. Ela prevê uma Conferência para a exposição dos trabalhos dos Comitês, propostos na Expedição, e o encaminhamento das propostas para 2023.

foto: Leonardo Berenger
foto: Leonardo Berenger
foto: Leonardo Berenger

3 respostas

  1. É uma forma de vermos o rio Paraíba , com outros olhos , como fonte de beleza e fonte de água viva que mata a nossa sede e nos alimento. E pararmos de usar ele como uma lixeira que carrega o nosso lixo e as nossas fezes.

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