Cientista, advogado, professor e defensor das florestas, Augusto Ruschi é o Patrono da Ecologia do Brasil. Esses e outros adjetivos e ocupações marcaram a vida do naturalista brasileiro Augusto Ruschi (1915-1986).
Nascido na cidade de Santa Teresa, região centro-serrana do Espírito Santo, esse descendente de imigrantes italianos católicos marcou a história de seu Estado natal e também a do Brasil, em especial por seus estudos sobre beija-flores e por sua sistemática militância em favor da natureza.
Em 1949, fundou o Museu de Biologia Professor Mello Leitão – uma homenagem a seu mestre e amigo, o zoólogo Cândido Firmino de Mello Leitão –, inaugurando, assim, o primeiro espaço institucional do Estado dedicado aos estudos biológicos.
Uma década antes, Ruschi ingressava como assistente voluntário no Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), atuando inicialmente como botânico contratado e, anos depois, como Professor Titular. O MNRJ também foi um espaço de intercâmbio acadêmico, com o qual teve a oportunidade de aprimorar os conhecimentos sobre fauna e flora que adquirira de maneira autodidata.
Além das pesquisas, “Guti”, como era conhecido entre os amigos mais próximos, construiu relações de prestígio e confiança com diversas autoridades políticas e conseguiu desenvolver um longo trabalho de colecionamento biológico e mapeamento dos recursos naturais capixabas.
Além das contribuições para os conhecimentos biológicos, Ruschi participou do processo de criação das primeiras áreas de proteção natural do Brasil – com destaque para a Reserva Florestal de Nova Lombardia (hoje, ReBio Augusto Ruschi), no município de Santa Teresa, e para a Reserva do Córrego do Veado, em Pinheiros, no norte do Estado.
Famoso por ter contrariado interesses empresariais multinacionais no contexto do plantio de eucaliptos em Aracruz e pelas constantes denúncias de invasão de terras na Ilha de Comboios e em Itaúnas, Ruschi também militou pelos direitos indígenas à terra e ao reconhecimento como sujeitos portadores de conhecimentos indispensáveis aos cuidados com o meio ambiente e, portanto, com a diversidade biológica e cultural da vida.