NOAA prevê atividade acima da média em ano marcado por cortes na ciência climática nos Estados Unidos
A temporada de furacões no Atlântico em 2025 está prestes a começar com uma previsão alarmante: um volume de tempestades acima da média histórica. Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), entre 13 e 19 tempestades tropicais com nome devem se formar entre junho e novembro. Desse total, de 6 a 10 podem evoluir para furacões, incluindo de 3 a 5 grandes furacões — classificados como categoria 3 ou superior na escala Saffir-Simpson, com ventos acima de 178 km/h.
O cenário é impulsionado por dois fatores principais: temperaturas do oceano mais elevadas do que o normal e condições atmosféricas favoráveis à formação de ciclones tropicais. Em contrapartida, a estrutura de monitoramento e resposta dos Estados Unidos pode estar mais frágil, devido aos cortes de pessoal promovidos na NOAA durante o governo de Donald Trump. A medida gerou apreensão na comunidade científica, que teme perda de precisão nas previsões e maior risco à população em áreas vulneráveis.
Calor oceânico e ausência do El Niño elevam risco de furacões
De acordo com a NOAA, as temperaturas da superfície do mar no Atlântico tropical seguem bem acima da média. Esse aquecimento das águas fornece “combustível” adicional para a formação e intensificação das tempestades. Além disso, não há previsão de ocorrência do fenômeno El Niño neste ano — evento climático que costuma inibir o desenvolvimento de furacões no Atlântico. Em vez disso, são esperadas condições neutras ou até de La Niña, que favorecem a intensificação dos ciclones.
Especialistas lembram que, embora o número total de tempestades não deva crescer globalmente com as mudanças climáticas, há um consenso crescente de que os furacões tendem a ser mais fortes, com ventos mais intensos, chuvas volumosas e maior potencial destrutivo.

Cortes na NOAA preocupam meteorologistas
Apesar dos avanços tecnológicos na previsão meteorológica, cientistas alertam para os impactos dos recentes cortes promovidos pela gestão Trump na estrutura da NOAA. Centenas de funcionários foram desligados, e há relatos de escritórios regionais com equipes desfalcadas, inclusive em áreas de alto risco como o Texas.
A redução de pessoal ameaça não apenas a operação rotineira da previsão do tempo, como também compromete ações estratégicas, como os voos de reconhecimento de furacões — fundamentais para obter dados em tempo real sobre a trajetória e a força das tempestades.
Além disso, há indícios de desmonte de programas de monitoramento atmosférico, como o lançamento de balões meteorológicos, e suspensão de iniciativas relacionadas ao clima. A situação gera temor de que a capacidade de resposta a eventos extremos esteja enfraquecida justamente em um ano de risco elevado.
Menos dados, previsões menos confiáveis
Meteorologistas alertam que a redução de dados pode comprometer a qualidade das previsões. Segundo especialistas, o comportamento dos furacões é altamente sensível a padrões atmosféricos em diferentes altitudes. Se dados sobre ventos e temperaturas em camadas mais elevadas da atmosfera não forem coletados com precisão, a confiabilidade das projeções pode cair.
O problema, embora concentrado nos Estados Unidos, tende a ter reflexos globais. Isso porque os modelos de previsão do tempo usados por diversos países dependem de informações obtidas por satélites e estações meteorológicas americanas. Um eventual enfraquecimento da infraestrutura da NOAA impacta diretamente a capacidade de monitoramento mundial.
Compromisso da NOAA é reafirmado
Em coletiva recente, representantes da NOAA afirmaram que a agência segue comprometida com a segurança da população e que continua a investir em tecnologia e capacitação. No entanto, especialistas alertam que o compromisso institucional precisa ser acompanhado de recursos e apoio político.
A expectativa é de que, com o início da temporada se aproximando, a atenção às previsões aumente e que eventuais falhas na estrutura sejam corrigidas a tempo de evitar tragédias.