O nome cientifico é difícil de falar: Hydrochoerus hydrochaeris. Popularmente as pessoas conhecem mesmo como capivara, um mamífero que é também da família do roedor e até parece um rato gigante. Os antigos contam que quanto mais capivaras próximas a rios, pode ser um bom sinal de preservação. Há sete anos, um grupo de pesquisadores do Instituto Federal Fluminense de Campos-Guarus, o IFF, deu o nome do animal a um projeto que tem como objetivo encontrar equilíbrio ambiental na região.
A pesquisa de extensão vem ao longo dos anos semeando conscientização ambiental, o primeiro passo foi fazer um levantamento dos principais impactos ambientais na bacia do rio Paraíba do Sul. Os pesquisadores mapearam soluções e ações para mobilizar a comunidade ribeirinha, mas também toda a cidade. Foram muitas palestras, exposições, dinâmicas, plantios, caminhadas ambientais, gestão de resíduos sólidos e muitas ações ainda estão por vir.
A identificação das capivaras ao longo da beira do Paraíba do Sul foi também um dos principais objetivos. “No início existia um grupo familiar na beira rio, nas proximidades da ponte Barcelos Martins, mas o objetivo não era contabilizar as capivaras, e sim mobilizar as pessoas a direcionar o seu olhar para o meio ambiente no seu cotidiano, onde existe o grande rio Paraíba do Sul que corta a cidade”, conta o pesquisador Cleber Fiúza.
Um dos trabalhos do projeto é tentar recuperar a vegetação próxima aos rios, para isso, um viveiro foi feito no Campus do IFF de Guarus, em Campos. Eles chamam o local de grande “maternidade” e quando as espécies são plantadas, nada de chamar de cova, porque de fato, os voluntários entendem que é um grande berço. Mais de duas mil mudas já foram cultivadas no lugar, de lá elas seguem para vários cantos da cidade.
No bairro da Coroa, referência de pescadores das proximidades do centro da cidade, várias espécies foram plantadas e o verde tomou tanto o lugar, que os moradores ganharam um bosque. Já no Asilo do Carmo, no bairro Turf Club, 47 idosos uniram a experiência ao prazer de plantar uma árvore e deixaram o local ainda mais acolhedor.
“O Projeto Capivara realizou entre os anos de 2014 à 2019 um total de 166 atividades, incluindo reflorestamento, visitas técnicas em áreas localizadas ao longo do rio Paraíba do Sul e palestras para disseminar conhecimento sobre o desenvolvimento sustentável”, afirma Cleber.
Devido a pandemia da COVID-19, as ações do Projeto Capivara e do Viveiro Capivara foram reformuladas. A produção de mudas nativas e frutíferas foram deixadas ao encargo dos funcionários do IFF e não mais pelos alunos do curso técnico. Para dar continuidade à produção de mudas, foi realizado um sistema de produção caseiro, com plantio de espécies nativas da Mata Atlântica, como: Palmito Juçara (Euterpe edulis), Cabeludinha (Plinia glomerata), Grumixama (Eugenia brasiliensis), angico-branco (Anadenanthera colubrina), camboatá (Cupania vernalis), entre outras.
“Atualmente, cerca de 600 plantas estão sendo cultivadas para atender as demandas de arborização urbana e reflorestamento do Projeto Capivara. Em conformidade com as atuais possibilidades de realização de atividades que visem a construção de um debate educacional em torno das questões ambientais formalizou-se uma parceria com a Rádio IFF Educativa, proporcionando assim diversos debates online, as chamadas lives que foram transmitidas em tempo real pelo YouTube e Instagram. Foram programadas e executadas 15 lives”, explica Luiz Eupídio Martins, pesquisador.
Transformar tem sido o grande plano dos professores e dos alunos envolvidos no Projeto Capivara. “Acreditamos que os trabalhos em equipe fortalecem as parcerias comprometidas com a conservação e o equilíbrio ambiental, sensibiliza novos parceiros e assim pode melhorar a qualidade ambiental. Engenharia Ambiental humanitária, comprometimento, respeito, integridade, trabalho em equipe, ética e conservação do meio ambiente, são nossos valores”, finaliza Cleber.
Instagram: @projetocapivara
https://globoplay.globo.com/v/8317360/?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar