“Nos últimos anos, a reserva recuperou boa parte da fauna e flora do município de São João da Barra”.
Uma área dedicada a vegetação de restinga, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Caruara é a maior unidade privada dedicada ao ecossistema de restinga do país, sendo também a maior RPPN do estado do Rio de Janeiro. Localizada no litoral do município de São João da Barra, no Norte do estado do Rio de Janeiro, a Caruara tem aproximadamente quatro mil hectares, equivalente a quatro mil campos de futebol. A área de preservação ambiental foi criada pela gestão do Porto do Açu, um complexo de empresas que atuam no ramo offshore e onshore. Há oito anos o espaço tem trabalhado com educação ambiental da comunidade, feito plantio de mudas, recuperado boa parte da fauna e flora, além disso, tem sido um vasto campo de pesquisa para as universidades da região.
Dentro da área de preservação, existem sete quilômetros de praia, além disso, duas lagoas a de Iquipari e Grussaí também fazem parte da reserva. De acordo com a assessoria do Porto, o complexo mantém um amplo monitoramento das condições ambientais no território, incluindo as lagoas. É importante lembrar que as lagoas não estão inseridas em sua totalidade dentro da RPPN e as barras (ponto mais próximo a faixa de praia) de ambas, ficam sob gestão do município de São João da Barra. Até agora, foram realizados 30 programas e ações socioambientais para chamar mais atenção para a preservação desses locais.
Assim que o projeto começou, a área de devastação era muito ampla, segundo os gestores da Caruana, o município sofre há séculos com a exploração indevida do solo e a monocultura e possui, hoje, cerca de 20% da vegetação original de Mata Atlântica. Grande parte da vegetação nativa suprimida serviu para abastecer os fornos de cerâmicas e usinas de cana de açúcar na região. A RPPN Caruara representa mais de 30% de toda vegetação do bioma ainda existente em São João da Barra. Os técnicos e pesquisadores ao longo do tempo vêm buscando maneiras para conciliar a preservação do lugar e a resposta da natureza, com o manejo feito. Vale destacar que a restinga é um dos ecossistemas mais ameaçados do país.
E pra dar velocidade a essa recuperação do solo, mas também atender a comunidade, desde o início do projeto foi criado um viveiro para a produção de mudas da vegetação de restinga que estava no lugar, ou mesmo, de algumas espécies extintas. O local pode produzir até 500 mil mudas por ano. O viveiro produz e maneja 88 espécies e, até agora, mais de um 1,5 milhão de mudas foram produzidas, a maior parte plantada na RPPN. Em toda a área preservada, já foram identificadas 292 espécies de flora e 573 de fauna, incluindo algumas ameaçadas de extinção, como o Melocactus (Melocactus violaceus), o Lagarto do Rabo Verde (Ameivula littoralis) e a Borboleta da Praia (Parides ascanius).
A vegetação de restinga atua na estabilização da areia da praia, no trecho que compreende sete quilômetros de orla da reserva, é feito o Programa de Monitoramento Tartarugas Marinhas, implantado e mantido pelo Açu há 12 anos. O trabalho já foi reconhecido por diversas premiações socioambientais de expressão, como o Prêmio Amcham (Brasil Ambiental), Firjan (Ação Ambiental), Selo Verde (Instituto Chico Mendes) e Benchmarking Brasil. Algumas espécies de flora, produzidas e identificadas na Reserva, estão também no Guia Botânico do The Field Museum, de Chicago (EUA), um dos mais renomados museus de história natural do mundo. A RPPN Caruara já serviu de base para 28 estudos, que resultaram em 66 publicações (resumos, artigos científicos, teses, monografias etc.) e 48 participações em eventos científicos.
O trabalho da RPPN começa a atender também outros empreendimentos, um exemplo é a prestação de alguns serviços ambientais para as empresas instaladas no Porto do Açu. Os gestores da RPPN vão fazer uma restauração florestal em uma área do Grupo Aeropart, responsável pela construção do Aeródromo Norte Fluminense. O plantio será iniciado ainda em 2020 e deverá ser concluído em 2022. Ao todo, serão oito hectares reflorestados, o equivalente a oito campos de futebol.
O trabalho de recuperação pretende despertar na comunidade a consciência ambiental pra estimular a preservação entre os moradores nativos. Outro serviço que a Caruara faz é a geração de oxigênio e o sequestro de CO2, que estão diretamente correlacionados ao tema de mudanças climáticas. Sua existência atenua a temperatura e melhora a qualidade do ar da região. Além disso, a RPPN contribui, desde 2012, para o incremento do ICMS Ecológico do Município de São João da Barra, proporcionando um aumento de mais de três vezes no valor do ICMS Verde, gerando ao longo de oito anos mais de R$ 5 milhões de repasse.
Reserva Caruara:
– Tem uma área de 4 mil hectares
– Duas lagoas fazem parte da área: Iquipari e Grussaí 1,5 milhão de mudas já foram produzidas
– Representa 30% de toda vegetação de São João da Barra
– Pesquisadores realizaram 28 estudos
– Faz o trabalho de conservação das tartarugas marinhas
– Foram identificadas 292 espécies de flora e 573 de fauna
– Recolheu até agora R$ 5 milhões em ICMS Verde