Dados colhidos têm permitido, entre outras coisas, saber a distribuição das chuvas nos municípios
O Laboratório de Meteorologia da UENF (LAMET), situado no campus de Macaé, tem desempenhado um papel fundamental no monitoramento do clima em toda a região. Além de fornecer subsídios para as pesquisas do Laboratório, um total de nove estações meteorológicas instaladas em escolas e pontos estratégicos de Macaé, Cabo Frio e Rio das Ostras vêm ajudando a Defesa Civil a lidar com eventos climáticos extremos, como ocorreu recentemente com as fortes chuvas que caíram na região.
Em Macaé, há sete estações, situadas no Mirante da Lagoa e em Trapiche, além das escolas Nossa Senhora da Glória (Miramar), Colégio Ativo (Glória), Colégio de Aplicação de Macaé (Granja dos Cavalheiros), Colégio Télio Barreto (Aroeira) e Colégio Irene Meirelles (Imbetiba). Outras duas estão situadas na Escola Edilson Duarte, em Cabo Frio, e no Colégio Jacintho Xavier Barreto, em Rio das Ostras.
Os dados colhidos têm permitido, entre outras coisas, saber a distribuição das chuvas nos municípios. No último dia 30, por exemplo, as estações indicaram que choveu no litoral, mas a chuva foi imensamente menor na estação colocada na Serra e em Trapiche.
— Em pouco mais de 12h, no Mirante da Lagoa, choveu mais do que 240mm, o que acarretou deslizamento de uma encosta na Rodovia Amaral Peixoto no trecho ao lado, assim como provocou o transbordamento da Lagoa de Imboassica que teve que ser aberta ao mar. Muitas ruas e casas ficaram completamente intransitáveis. Já na Cidade Universitária, choveu mais de 180mm inundando toda a área no entorno deste complexo universitário, que ficou inacessível por dias — diz a chefe do LAMET, professora Maria Gertrudes Justi.
Segundo Justi, há a previsão de instalação de mais uma estação em Cabo Frio e outras duas em escolas de Campos dos Goytacazes. Outras oito estações serão instaladas em Macaé para atender ao Projeto de Extensão Tempo de Aprender em Clima, bem como a um projeto de pesquisa da Faperj que correlaciona a incidência das arboviroses (Zica, Dengue e Chikungunya) com as variações dos microclimas do Município de Macaé. O local para instalação das novas estações está sendo definido levando em conta os bairros com maior incidência de casos dessas doenças registradas pelos instituições ligadas à saúde.
— O objetivo do projeto é envolver professores e alunos no entendimento das questões ligadas à variabilidade climática, no conhecimento dos sistemas meteorológicos intensos e nas condições meteorológicas que levam à concentração de poluentes. Também queremos destacar com eles a importância do uso das energias renováveis, como a eólica e solar, que são estudadas dentro do escopo das ciências atmosféricas — explica a professora.
De acordo com Justi, a implantação das estações em diferentes bairros de Macaé tem possibilitado a identificação e a caracterização de diferentes microclimas, com regimes de chuvas diferentes. Um exemplo é a chegada de frentes frias ou quando se estabelecem sistemas meteorológicos como a ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), que afetou muito Macaé com ápice no dia 30 de novembro sobre a região e o litoral vizinho. A caracterização dos microclimas vem contribuindo também para a pesquisa que busca um maior entendimento da incidência em Macaé das arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, cujos focos são muito dependentes das condições de umidade, temperatura e vento.
— Mais oito estações estão sendo instaladas visando atender a esse pesquisa. São muitas as aplicações que podem ser atendidas como subproduto das ações do Projeto de Extensão, incluindo subsídios às ações da mobilidade urbana, da identificação de áreas de risco e planejamento e operação da drenagem urbana — informou a professora.
De acordo com ela, as estações são instaladas nas escolas de tal forma que seus sensores (temperatura, umidade, vento, precipitação, radiação solar global e índice UV) enviam automaticamente e em tempo real os valores observados para um pequeno console que fica na área administrativa da escola. Através desse console, os dados são transmitidos via Wi-fi para a “nuvem”, para acesso em todo o mundo. Os dados podem ser acessados por qualquer pessoa pela internet ou via aplicativo de celular.
ASCOM UENF