O Pacto Global da ONU no Brasil lançou nesta quarta-feira (26/07), na Casa Firjan, no Rio de Janeiro, o Grupo de Trabalho de Negócios Oceânicos, o primeiro hub corporativo do país com o objetivo de impulsionar a transição energética dos portos e transporte marítimo, com o apoio do Porto do Açu. O objetivo da iniciativa é mapear cenários nacionais e internacionais sobre transição energética e descarbonização dos setores marítimo e portuário e endereçar as oportunidades e desafios para o Brasil. O trabalho faz parte da agenda da Ocean Stewardship Coalition, conduzida pelo time de oceano do Pacto Global, baseado na Noruega, e será gerenciado pela Rede Brasil. O grupo já nasce com mais de 30 empresas inscritas para participar.
O pré-levantamento realizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil para dar início ao GT aponta que nenhum porto do país, dentre os avaliados, tem estrutura pronta para combustíveis alternativos. Somente dois estão construindo essas estruturas, com objetivo de receber embarcações movidas a biometano, amônia, biogás e hidrogênio verde. O mesmo levantamento aponta que 91% dos portos avaliados não dispõem de campanhas de incentivo para redução de emissões gerados pelo transporte marítimo e cerca de 67% não possuem metas relacionadas a eficiência energética e descarbonização.
“O transporte marítimo e as operações dos portos são fundamentais na jornada rumo ao carbono zero. Nosso país tem uma vocação natural para ser líder dessa nova economia. Mas é preciso termos uma atitude proativa para tornar essa vantagem comparativa em vantagem competitiva. O Brasil precisa acelerar a descarbonização nesse setor. Dentro do Pacto Global, temos criado ações setoriais, com ótimos resultados, e estamos fazendo isso de novo com o Grupo de Trabalho de Negócios Oceânicos, o primeiro do tipo já criado. Esperamos que empresas de diversos setores, que dependem do transporte marítimo e dos portos, também estejam com a gente, além do entidades governamentais. Essa união é decisiva para o resultado que todas as pessoas esperam, que é combater de fato as mudanças climáticas”, afirma Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil.
Como estratégia da Plataforma de Ação pela Água e a Plataforma do Clima, do Pacto Global da ONU, os trabalhos do GT serão concentrados com as empresas participantes da rede brasileira da iniciativa. Atualmente, no mundo, o setor de navegação responde por cerca de 80% do volume do comércio global e é responsável por aproximadamente 3% das emissões globais de GEE.
Os estados membros da Organização Marítima Internacional (IMO) concordaram recentemente em atingir emissões líquidas de emissões zero por volta de 2050, com redução de emissões totais em 20% a 30% até 2030 e entre 70% e 80% até 2040.
“Os portos desempenham um importante papel no atingimento das metas globais de descarbonização, fornecendo a infraestrutura necessária para produção e armazenamento de combustíveis alternativos, bem como para o abastecimento da frota marítima. Nossa visão é de que o Porto do Açu possa contribuir diretamente para a transição energética, sobretudo considerando o potencial do Brasil em assumir a vanguarda neste processo. E esse futuro só poderá ser construído por meio de integração entre os diversos players, o que traz à tona a relevância deste grupo de trabalho para o nosso país” destaca José Firmo, CEO da Porto do Açu Operações.
O GT pretende criar business cases sobre transição energética nos mares brasileiros. Os membros não são apenas de empresas do setor marítimo, mas de quaisquer empresas participantes do Pacto Global da ONU no Brasil e que se beneficia ou pode se beneficiar dele. O Grupo de Trabalho deve ter empresas do setor de óleo e gás, mineração, grandes exportadores da agricultura, empresas logísticas, portos, dentre outros.
Além das companhias participantes, o evento de lançamento contou com as presenças de Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil; Hugo Leal, secretário de Estado de Energia e Economia do Mar do Rio de Janeiro; José Firmo, CEO do Porto Açu; Luiz Césio Caetano, Vice-Presidente da Firjan; Eduardo Nery, Diretor-Geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ); Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, coordenador para Desenvolvimento de Negócios e Relações Institucionais do Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro e ex-comandante da Marinha; David Zee, oceanógrafo e professor adjunto da faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Rubens Filho, Gerente Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU no Brasil; Karan Sawhney, Gerente Sênior de Projetos da Ocean Stewardship Coalition; Patrícia Furtado, CEO da Acqua Mater; e Fernanda Sossai, Gerente Geral de Desenvolvimento Portuário e ESG do Porto do Açu.